terça-feira, 1 de outubro de 2013

A dinâmica populacional e econômica do estado de São Paulo





Em linhas gerais, a população e a produção econômica têm se concentrado cada  vez mais na Macrometrópole de São Paulo,  com perdas equivalentes para as demais  regiões do Interior do estado. Em 2003, a  Macrometrópole possuía 72,3% da população do estado e 80,2% do PIB paulista. Em  2010, esta região já possuía 72,6% da população e 81,8% do PIB. Outra constatação geral é que no período 2003/2010, a concentração econômica na Macrometrópole de São Paulo foi maior do que a concentração populacional, uma vez que esta região ganhou 1,54% na participação econômica do estado e 0,27% na participação populacional. Na prática, a situação econômica orienta os fluxos populacionais, uma vez que as regiões mais dinâmicas, do ponto de vista econômico, seguem gerando maiores oportunidades no mercado de trabalho e atraindo a população.

Combinando as dinâmicas econômicas e populacionais, enquanto o PIB nominal percapta na Macrometrópole cresceu 103,19% entre 2003 e 2010 – passando de R$ 16,8 mil por habitante para R$ 34,1 mil, nas regiões do Interior do estado, “fora da Macrometrópole”, este crescimento do PIB nominal percapta foi de apenas 86,3%, passando de R$ 10,8 mil por habitante para R$ 20,1 mil. No estado como um todo, a variação foi de 100% no período, passando de R$ 15,1 mil por habitante para R$ 30,3 mil.

Diante desta constatação mais geral, os investimentos públicos do governo Alckmin no biênio 2011/2012 poderiam se apresentar como uma ferramenta de desconcentração do desenvolvimento econômico e social em São Paulo, criando novas oportunidades econômicas nas regiões do Interior e reduzindo a “pressão populacional” por serviços públicos na Macrometrópole paulista. Não foi isso, porém, o que vimos acontecer.

Absorvidos por uma administração pública e orçamentária ainda profundamente centralizadas na capital do estado – falta de regionalização da gestão pública e das informações – e por antigas demandas de investimentos que não conseguiram sequer romper os limites da cidade de São Paulo (como no caso das obras de expansão do Metrô), os investimentos públicos do Orçamento Geral do Estado neste biênio acabaram direcionados em 74,6% para a Macrometrópole e 25,4% para as demais regiões do Interior, numa concentração dos investimentos públicos superior à dinâmica da concentração populacional.

É óbvio que em termos absolutos, os investimentos públicos teriam que ser maiores na Macrometrópole, por conta do “adensamento urbano” e do consequente aumento do custo nas intervenções públicas. Porém, fossem os investimentos públicos orientadores de uma dinâmica de desconcentração econômica e populacional no território estadual, estes poderiam ser direcionados mais intensamente para o Interior do estado. No entanto, a realidade é outra. O governo Alckmin, durante o biênio 2011/2012, investiu R$ 343 no cidadão que mora na Macrometrópole de São Paulo e R$ 310 no cidadão que mora fora desta região, reforçando a dinâmica de concentração econômica e populacional no território estadual.

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